quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

Crivella em defesa dos motoboys


A maior parte dos usuários de motocicletas nas grandes cidades são jovens trabalhadores, que ganham a vida cruzando as cidades como motoboys, inclusive em dias de chuva forte, num trânsito invariavelmente intenso e perigoso, com ruas e sinalizações em mau estado de conservação e que, após a longa, cansativa e arriscada jornada de trabalho, ainda precisam encontrar forças para freqüentar uma escola ou universidade para obter sua educação profissional. Nem sempre as motocicletas estão em bom estado e seus condutores com os equipamentos de segurança adequados. Em permanentes condições adversas, é bem provável que em algum momento, por cansaço, negligência ou imprudência, esse jovem sofra um acidente de graves conseqüências.



Segundo estatísticas do Corpo de Bombeiros de São Paulo, estado com a maior frota desses veículos, todos os dias ocorrem, pelo menos, dez acidentes graves envolvendo motocicletas, deixando cinco vítimas com lesão permanente e dois óbitos. Em 2006, só os bombeiros fizeram mais de cinqüenta mil atendimentos a acidentes com motos em todo o estado. Esse é um número aterrorizante, e mais aterrorizante é saber que ocorreu ontem, está ocorrendo hoje e vai ocorrer amanhã, se providências não forem tomadas.



De acordo com estimativa do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada – Ipea, o Brasil sofre um prejuízo de R$ 28 bilhões por ano com acidentes de trânsito, considerados os danos ao patrimônio, pagamento de benefícios - por morte e por incapacidade temporária ou permanente -, afastamento do trabalho, etc. Isso é o dobro do estimado para a obra mais cara do Plano de Aceleração do Crescimento - o PAC - do governo federal.
Foi por isso que apresentei, e consegui aprovar no Senado Federal, um projeto de lei que proíbe as empresas que contratam motoboys de estimular o aumento da velocidade, por exemplo, prometendo entregar pizza em menos de trinta minutos, desobrigando o cliente de pagar em caso de atraso. Isso coloca em risco a vida dos motoboys, que, sob pressão, acabam excedendo o limite de velocidade, expondo suas vidas a risco num veículo que pouca proteção oferece em caso de acidente.
Tenho também lutado para tornar obrigatório o ensino profissionalizante para condução de motocicletas, o uso de equipamento de segurança completo, como botas, luvas e macacão resistente a quedas, bem como a inclusão, como item de fábrica, de um tipo de airbag, que consiste num colete ligado à motocicleta, que ao ser puxado bruscamente, no caso de queda ou colisão, faz inflar o colete, protegendo, sobretudo, a região cervical. Além disso, é necessário suspender o trabalho de motoboy em dias de chuva intensa, quando os riscos de acidentes aumentam muito.
Com simples medidas preventivas, podemos evitar grande parte desses cruéis acidentes de trânsito envolvendo motocicletas, e livrar da morte e das lesões permanentes milhares de brasileiros, na maioria bem jovens.MARCELO BEZERRA CRIVELLASenador da República (PRB-RJ), líder de seu partido no Senado Federal e vice-líder do bloco de apoio ao governo.